Helen Cristina Liberatori
O estudo proposto relatará experiências com atividades matemáticas diversificadas, que foram aplicadas em duas escolas; uma pública e a outra particular, com o objetivo de estimular qualquer espécie de função ideológica: pesquisa científica, estética, moral e coletiva.
Nessa abordagem transformativa, reconheceu que, além do eu e do outro, existe o nós; esta consideração possibilita o cuidado com a língua, para que a comunicação social e a interação cooperativa sejam possíveis nas situações em que a convivência futura seja demandada ou desejada.
Sabe-se que as competências na disciplina matemática devem proporcionar estímulos para observar, realizar e compreender, segundo Bakhtin (2006), a realidade toda da palavra é absorvida por sua função de signo. A palavra não comporta nada que não esteja ligado a essa função, nada que não tenha sido gerado por ela. A palavra é o modo mais puro e sensível da relação social.
Na pesquisa, constatou-se não ser a expressão que se adapta ao mundo interior, mas o nosso mundo interior que se adapta às possibilidades de nossa expressão, aos seus caminhos e orientações possíveis. Considerando como expressão a da crença no poder transformador da fala e nas formas de se comunicar, isso tem gerado conseqüências positivas para a convivência social dos indivíduos. Como as fronteiras do conhecimento e de outras realidades estão cada vez mais interligadas, em todos os tipos de atividade mental que examinamos, são criados modelos e formas de enunciações, semióticas e linguisticas.
Nesse contexto, a escola, admitida como uma complexa instituição social moderna é determinada pela sociedade em que se inscreve e, por isso mesmo, retém contradição, ambigüidades e problemas; em decorrência, para se enfrentar os problemas da educação escolar, especialmente aqueles relacionados com a formação do aluno, do professor e de todos que direta ou indiretamente da escola fazem parte.
Sabe-se ainda, com base em dados estatísticos, que o Brasil não cultiva o gosto pelas ciências e nem pela lógica interna do próprio sistema de signos. Desta forma, as ligações linguisticas específicas nada têm a ver com valores ideológicos (artísticos, cognitivos ou outros), Bakhtin (1997). Em todo o caso, a influência da escola em cima da criança/adolescente nunca pode ser vista isoladamente. O sistema educacional pode ajudar o estudante a encontrar seu pensamento filosófico-linguístico, para apreciar suas vidas, e para saber que são membros de valor e produtivos na sociedade.
Nesse exercício vivo da troca de sentidos e de modos de operar intelectualmente, constatou-se a falta de comunicação no processo de aprendizagem matemática. Essa descoberta vem indicar a necessidade de reflexões sobre novas propostas de ensino, de modo que possam considerar os múltiplos e variados elementos presentes na ação do professor.
As atividades propostas como meio de mediação, comunicação social e interação.
Referenciou-se nessa pesquisa o método de análise das representações sociais, segundo sistematização de Moscovici (1961), que consiste na investigação das opiniões, percepções e práticas discursivas dos alunos referentes ao sentido da escola e a significação da matemática. Abordar com pertinência a importância da construção/reconstrução de uma dinâmica coletiva e heterogênea foi possível após a observação das turmas de 8ª séries (9º Ano) de uma escola pública e da particular e realizar a pesquisa-ação-interativa.
Para cada nível de ensino, verificou-se um adequado padrão de exigência cognitiva lingüística, sendo assim, cabe entender como os alunos representam a disciplina, fundamental para o desenvolvimento do raciocínio dedutivo e probabilístico e a compreensão das constâncias e regularidades que compõem o cotidiano do mundo algébrico e aritmético.
Os participantes da pesquisa foram alunos na faixa etária de 14 a 17 anos. Para o processo do intercâmbio entre escolas, os alunos da escola pública foram convidados para a interação na escola particular e vice-versa, assistiram às aulas de matemática e participaram do processo de elaboração das atividades para posteriormente apresentarem aos seus colegas.
Os registros consistiram na utilização de máquina fotográfica e filmadora, os alunos fizeram relatos da experiência vivenciada, estimulados por entrevistas semi-estruturadas e escreveram seus depoimentos em pequenos textos. Esses foram examinados através da análise do discurso.
Para Bakhtin (1997), quando um indivíduo utiliza a língua, sempre o faz por meio de um tipo de texto ainda que não tenha consciência disso; ou seja, a escolha de um tipo é um dos passos – se não o primeiro – a ser seguidos no processo de comunicação.
Por se tratar de uma pesquisa experimental, o qual se observou o comportamento dos alunos em mudanças de ambiente físico nada mais pertinente que analisar, se houve o processo de interação e de trocas de conhecimentos e se a comunicação ocorreu de forma consciente e desejada.
Foram aplicadas atividades que promoveram:
• A apresentação da equipe escolar, caracterização da instituição e da proposta de trabalho;
• Compreender as representações sociais que os alunos tinham da escola e do ensino matemático;
• Intercâmbio entre as escolas públicas e a particular para reconhecerem diferenças e semelhanças tanto na aplicação dos conteúdos matemáticos quanto ao espaço físico;
• Perceber que o ensino matemático é um instrumento que possibilita a ampliação da linguagem e das interações sociais.
• Trabalhos com jogos lúdicos tais como; bingo da tabuada, dominó matemático, xadrez, tangram e os conteúdos específicos da série durante o processo interação.
Conclusão
A partir dos resultados das representações da escola, do ensino matemático, das intervenções mediadoras, das análises dos discursos nos textos e das experiências práticas docentes e de pesquisa, o estudo propôs a necessidade de articular, integrar e sistematizar fenômenos e teorias na disciplina em questão.
Através dos resultados, percebeu que o aluno ao se comunicar matematicamente com os colegas de sala e de uma escola diferente, amplia suas idéias e seu vocabulário, facilitando o diálogo com os professores e procurando elaborar melhores os seus pensamentos em novos conhecimentos e em diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.
Verificou que as dificuldades enfrentadas pelos alunos, no campo semiótico como no linguístico durante a sua trajetória escolar, indicam a presença de preconceitos e estereótipos com relação ao conteúdo matemático. Sob este aspecto começa-se a examinar de um modo mais aprofundado e mais sério os currículos de Matemática dos diferentes sistemas educativos, de forma que as avaliações que os alunos, no quadro desses sistemas, sabem e são capazes de fazer possa ser objeto de interpretações mais válidas e produtivas.
Referências Bibliográficas.
BAKHTIN, M.M. (V.N.VOLOCHÍNOV). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2006.
BAKHTIN, M.M. Os gêneros do discurso. In: Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
O estudo proposto relatará experiências com atividades matemáticas diversificadas, que foram aplicadas em duas escolas; uma pública e a outra particular, com o objetivo de estimular qualquer espécie de função ideológica: pesquisa científica, estética, moral e coletiva.
Nessa abordagem transformativa, reconheceu que, além do eu e do outro, existe o nós; esta consideração possibilita o cuidado com a língua, para que a comunicação social e a interação cooperativa sejam possíveis nas situações em que a convivência futura seja demandada ou desejada.
Sabe-se que as competências na disciplina matemática devem proporcionar estímulos para observar, realizar e compreender, segundo Bakhtin (2006), a realidade toda da palavra é absorvida por sua função de signo. A palavra não comporta nada que não esteja ligado a essa função, nada que não tenha sido gerado por ela. A palavra é o modo mais puro e sensível da relação social.
Na pesquisa, constatou-se não ser a expressão que se adapta ao mundo interior, mas o nosso mundo interior que se adapta às possibilidades de nossa expressão, aos seus caminhos e orientações possíveis. Considerando como expressão a da crença no poder transformador da fala e nas formas de se comunicar, isso tem gerado conseqüências positivas para a convivência social dos indivíduos. Como as fronteiras do conhecimento e de outras realidades estão cada vez mais interligadas, em todos os tipos de atividade mental que examinamos, são criados modelos e formas de enunciações, semióticas e linguisticas.
Nesse contexto, a escola, admitida como uma complexa instituição social moderna é determinada pela sociedade em que se inscreve e, por isso mesmo, retém contradição, ambigüidades e problemas; em decorrência, para se enfrentar os problemas da educação escolar, especialmente aqueles relacionados com a formação do aluno, do professor e de todos que direta ou indiretamente da escola fazem parte.
Sabe-se ainda, com base em dados estatísticos, que o Brasil não cultiva o gosto pelas ciências e nem pela lógica interna do próprio sistema de signos. Desta forma, as ligações linguisticas específicas nada têm a ver com valores ideológicos (artísticos, cognitivos ou outros), Bakhtin (1997). Em todo o caso, a influência da escola em cima da criança/adolescente nunca pode ser vista isoladamente. O sistema educacional pode ajudar o estudante a encontrar seu pensamento filosófico-linguístico, para apreciar suas vidas, e para saber que são membros de valor e produtivos na sociedade.
Nesse exercício vivo da troca de sentidos e de modos de operar intelectualmente, constatou-se a falta de comunicação no processo de aprendizagem matemática. Essa descoberta vem indicar a necessidade de reflexões sobre novas propostas de ensino, de modo que possam considerar os múltiplos e variados elementos presentes na ação do professor.
As atividades propostas como meio de mediação, comunicação social e interação.
Referenciou-se nessa pesquisa o método de análise das representações sociais, segundo sistematização de Moscovici (1961), que consiste na investigação das opiniões, percepções e práticas discursivas dos alunos referentes ao sentido da escola e a significação da matemática. Abordar com pertinência a importância da construção/reconstrução de uma dinâmica coletiva e heterogênea foi possível após a observação das turmas de 8ª séries (9º Ano) de uma escola pública e da particular e realizar a pesquisa-ação-interativa.
Para cada nível de ensino, verificou-se um adequado padrão de exigência cognitiva lingüística, sendo assim, cabe entender como os alunos representam a disciplina, fundamental para o desenvolvimento do raciocínio dedutivo e probabilístico e a compreensão das constâncias e regularidades que compõem o cotidiano do mundo algébrico e aritmético.
Os participantes da pesquisa foram alunos na faixa etária de 14 a 17 anos. Para o processo do intercâmbio entre escolas, os alunos da escola pública foram convidados para a interação na escola particular e vice-versa, assistiram às aulas de matemática e participaram do processo de elaboração das atividades para posteriormente apresentarem aos seus colegas.
Os registros consistiram na utilização de máquina fotográfica e filmadora, os alunos fizeram relatos da experiência vivenciada, estimulados por entrevistas semi-estruturadas e escreveram seus depoimentos em pequenos textos. Esses foram examinados através da análise do discurso.
Para Bakhtin (1997), quando um indivíduo utiliza a língua, sempre o faz por meio de um tipo de texto ainda que não tenha consciência disso; ou seja, a escolha de um tipo é um dos passos – se não o primeiro – a ser seguidos no processo de comunicação.
Por se tratar de uma pesquisa experimental, o qual se observou o comportamento dos alunos em mudanças de ambiente físico nada mais pertinente que analisar, se houve o processo de interação e de trocas de conhecimentos e se a comunicação ocorreu de forma consciente e desejada.
Foram aplicadas atividades que promoveram:
• A apresentação da equipe escolar, caracterização da instituição e da proposta de trabalho;
• Compreender as representações sociais que os alunos tinham da escola e do ensino matemático;
• Intercâmbio entre as escolas públicas e a particular para reconhecerem diferenças e semelhanças tanto na aplicação dos conteúdos matemáticos quanto ao espaço físico;
• Perceber que o ensino matemático é um instrumento que possibilita a ampliação da linguagem e das interações sociais.
• Trabalhos com jogos lúdicos tais como; bingo da tabuada, dominó matemático, xadrez, tangram e os conteúdos específicos da série durante o processo interação.
Conclusão
A partir dos resultados das representações da escola, do ensino matemático, das intervenções mediadoras, das análises dos discursos nos textos e das experiências práticas docentes e de pesquisa, o estudo propôs a necessidade de articular, integrar e sistematizar fenômenos e teorias na disciplina em questão.
Através dos resultados, percebeu que o aluno ao se comunicar matematicamente com os colegas de sala e de uma escola diferente, amplia suas idéias e seu vocabulário, facilitando o diálogo com os professores e procurando elaborar melhores os seus pensamentos em novos conhecimentos e em diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.
Verificou que as dificuldades enfrentadas pelos alunos, no campo semiótico como no linguístico durante a sua trajetória escolar, indicam a presença de preconceitos e estereótipos com relação ao conteúdo matemático. Sob este aspecto começa-se a examinar de um modo mais aprofundado e mais sério os currículos de Matemática dos diferentes sistemas educativos, de forma que as avaliações que os alunos, no quadro desses sistemas, sabem e são capazes de fazer possa ser objeto de interpretações mais válidas e produtivas.
Referências Bibliográficas.
BAKHTIN, M.M. (V.N.VOLOCHÍNOV). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2006.
BAKHTIN, M.M. Os gêneros do discurso. In: Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
Um comentário:
Boa tarde Helen,
gostaria de perguntar se quando você se refere a tipo de texto, você está se referindo também a gênero textual.
Abraços, Michele .
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