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Roda de Conversa sobre o interessante trabalho de Bakhtin

Oeni Custodio Marins

“Nada lhe parece acabado; todo o problema permanece aberto, sem fornecer a mínima alusão a uma solução definitiva.” Dostoieviski

Autor de obras determinantes, que surpreendem os leitores, pois apresentam-se com uma singularidade e originalidade em seu conteúdo, que mesmo transcorrido o tempo na publicação de suas obras , permanecem atuais e agradam aos leitores de o espírito aberto, pois apresentam metodologias científicas no que ser referem a linguagem e ao pensamento teórico. O que parece Bakhtin recusava-se a fazer concessões à fraseologia da época e a certos dogmas impostos aos autores. Os adeptos e discípulo do pesquisador tentaram um compromisso que permitia preservar o essencial do grande trabalho.

Dostoievski era o herói preferido de Bakhtin e é dele a frase acima, que segundo Bakhtin, “na estrutura da linguagem todas as noções substanciais formam um sistema inabalável, constituído de partes indissolúveis e solidários: o reconhecimento e a compreensão, a cognição e a troca, o diálogo e o monólogo, sejam eles enunciados ou internos, a interlocução entre o destinador e o destinatário, todo signo provido de significação e toda significação associada ao signo, a identidade e a variabilidade, o universal e o particular, o social e o individual, a coesão e a divisibilidade, a enunciação e o enunciado.” Roman Jakobson.

Os problemas da filosofia da linguagem adquiriram, recentemente, uma atualidade e uma grande importância para marxismo, pois vai ao encontro de problemas, que para solucioná-los ou poder avançar em uma solução adequada e eficaz, temos que submetê-lo a uma avaliação específica a fim de encontrar a solução. Os estudos sobre o conhecimento científico, a literatura, a religião, a moral, etc., estão ligadas aos problemas da filosofia da linguagem. Aquilo que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo, ou seja, tudo que é ideológico é um signo e sem eles não existe ideologia. “Um corpo físico vale por si próprio: não significa nada e coincide inteiramente com sua própria natureza. Neste caso, não se trata de ideologia”, diz Marina Yaguello em seu livro Marxismo e filosofia da linguagem.

Um produto de consumo por exemplo pode ser transformado em signo ideológico. O pão e vinho, tornam-se símbolos religiosos no sacramento cristão da comunhão, porém enquanto produto de consumo não é de forma alguma, um signo. São assim, como instrumentos, associados a signos ideológicos; essa linha, porém não apaga a linha de demarcação que existe entre eles. O pão possui um a forma particular que não se justifica somente por ser um produto de consumo, mas possui também valor ideológico. Dessa forma ao lado dos fenômenos naturais, do material tecnológico e dos artigos de consumo, existe um universo particular, o universo dos signos.

Um signo não existe isoladamente como parte de uma realidade, ele faz parte e reflete essa realidade. Pode distorcê-la, ser fiel, ou apreendê-la de um ponto de vista específico, ou seja, se é verdadeiro, falso, correto, incorreto, justificado, bom, etc. O conhecimento ideológico coincide com o domínio dos signos; são correspondentes de maneira mútua. Onde encontra-se um signo, encontra-se também o ideológico. Toda ideologia possui um valor semiótico. Compreendê-lo significa aproximar o signo apreendido de outros signos conhecidos, isto é, a compreensão é uma reposta a um signo por meio de signos. O signos só emergem a partir do processo de interação entre consciência individual e uma outra, e torna-se consciência quando assimila o conteúdo ideológico, ou seja o conteúdo semiótico.

Estudar as propriedades das palavras demanda um processo longo e reflexivo, pois entendemos que ela possui propriedades que fazem da “palavra” um objeto de estudo fundamental referente às ideologias. Encontraremos na filosofia marxista, ou na filosofia da linguagem, elementos que nos servirão como ponto de partida para um estudo aprofundado e enriquecedor no âmbito da linguagem.

Referência bibliográfica

Marxismo e filosofia da linguagem . Marina Yaguello. Editora Hucitec. SP

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