1. Introdução
Este texto propõe uma leitura dos Conselhos de Classes, nas unidades escolares, onde se produzem situações de comunicação real e se discutem a educação, enquanto aprendizagem e desenvolvimento de nossos alunos. Esse espaço pode ser considerado privilegiado pela possibilidade da interação entre professores e alunos de forma mais humanizada. Deixando de lado os enunciados concretos depreciativos.
2. A percepção do enunciado nas relações sociais segundo Bakhtin
Para Bakhtin, a linguagem permeia toda a vida social, exercendo um papel central na formação sociopolítica e nos sistemas ideológicos. Entre as categorias centrais na obra bakhtiniana estão as noções de linguagem, interação, dialogismo e ideologia. Principalmente na obra Marxismo e Filosofia da Linguagem (BAKHTIN, 1997), a posição bakhtiniana é clara ao rebater a noção de língua sustentada no objetivismo ou no subjetivismo.
A linguagem é de natureza socioideológica e tudo “que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo” (BAKHTIN, 1997: 31). A ideologia é um reflexo das estruturas sociais e entre linguagem e sociedade existem relações dinâmicas e complexas que se materializam nos discursos ou, melhor, nos gêneros do discurso.
Assim, a língua constitui um processo e, como tal, apresenta uma evolução ininterrupta, que se concretiza como interação verbo-social dos locutores. Por isso, é que se pode afirmar que as leis da evolução da língua são leis sociológicas.
Categoria relevante, nesse contexto teórico, é a noção de dialogismo como princípio fundador da linguagem: toda linguagem é dialógica, isto é, todo enunciado é sempre um enunciado de um locutor para seu interlocutor. Daí, a concepção de gênero textual de Bakhtin (2000) como enunciado responsivo, o que está de acordo com a idéia de linguagem como atividade interativa, e não como forma ou sistema.
O enunciado concreto (e não a abstração linguística) nasce, vive e morre no processo da interação social entre os participantes da enunciação. Sua forma e significado são determinados basicamente pela forma e caráter desta interação. (Bakhtin/Volochinov, 1926:9)
O gênero e o enunciado mantêm uma relação bastante excêntrica, na medida em que o enunciado é não-repetível e individual, enquanto o gênero é relativamente estável, histórico e não-individual. Assim se consolida a já tão conhecida e repetida definição de gênero:
“Qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso” (BAKTHIN, 2000: 279).
Bakhtin defende uma relação muito estreita entre os vários processos de formação dos gêneros e as ações humanas, tanto as individuais como as coletivas, o que envolve um historicismo necessário. Língua e vida humana interpenetram-se de tal modo que um gênero não será, nunca, mero ato individual, porém, uma forma de inserção social.
o enunciado é a unidade real da comunicação verbal, a fala só existe na realização concreta dos enunciados de um indivíduo em situação de comunicação, portanto, o “enunciado não é uma unidade convencional, mas uma unidade real, estritamente delimitada pela alternância dos falantes” (BAKHTIN, 2000: 294).
Bakhtin vê os gêneros como resultado de um uso comunicativo da língua em sua realização dialógica, de forma que os indivíduos, quando se comunicam, não trocam orações nem palavras, porém trocam enunciados que se constituem com os recursos formais da língua (gramática e léxico). Um outro fator constitutivo do gênero que tem relevância é a questão de ele não ser decidido ad hoc pelos interlocutores, mas adquirido e investido como uma forma estável. O próprio querer-dizer (intuito discursivo) de um locutor realiza-se, fundamentalmente, na escolha de certo gênero que se acha acessível.
“Se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos de criá-los pela primeira vez no processo da fala, se tivéssemos de construir cada um de nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível.” (BAKHTIN, 2000: 302).
Os enunciados e seus tipos, isto é, os gêneros discursivos, são correias de transmissão entre a história da sociedade e a história da linguagem.
Além do mais, o estudo do enunciado como unidade real da comunicação discursiva permite compreender de modo mais correto também a natureza das unidades da língua (enquanto sistema) – as palavras e orações.
Dessa forma, o diálogo no sentido mais amplo é um elo de cadeias de enunciados. A natureza da linguagem é dialógica, como já foi mencionada, e sempre acorre no processo de interação. Essa relação dialógica, defendida por Bakhtin, poderá ser visualizada no poema “Tecendo o amanhã”, de João Cabral de Melo Neto:
Tecendo o amanhã
1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
No poema, percebemos os fios dialógicos que se cruzam, na interação de um “galo” com o “outro” e assim, seus “gritos” tecem uma teia tênue que constituem um enunciado concreto num determinado espaço-temporal.
Isso também é perceptível em nossas relações cotidianas e nas mais diversas esferas da atividade humana. O discurso sempre será fundido em forma de enunciado pertencente a um determinado sujeito do discurso, e fora dessa forma não pode existir. Por mais diferentes que sejam as enunciações pelo seu volume, pelo conteúdo, pela construção composicional, elas possuem como unidades da comunicação discursiva peculiaridades estruturais comuns, e antes de tudo limites absolutamente precisos, definidos pela alternância dos sujeitos do discurso, ou seja pela alternância dos falantes.
É no fluxo da interação verbal que a palavra se concretiza como signo ideológico, que se transforma e ganha diferentes significados, de acordo com o contexto em que ela surge. Constituído pelo fenômeno da interação social, o diálogo se revela como forma de ligação entre a linguagem e a vida.
Todo enunciado - do diálogo cotidiano ao grande romance – tem, por assim dizer, um princípio absoluto e um fim absoluto: antes do seu início, os enunciados de outros; depois do seu término, os enunciados responsivos de outros.
O enunciado não é uma unidade convencional, mas uma unidade real, precisamente delimitada da alternância dos sujeitos do discurso, a qual termina com a transmissão da palavra ao outro, por mais silencioso que seja o “dixi” percebido pelos ouvintes de que o falante terminou. Exemplo: “que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro” (poema de João Cabral)
A questão do dialogismo está no cerne das idéias bakhtinianas. Desde as discussões sobre a natureza da linguagem, o Círculo de Bakhtin já defende que esta nasce da relação social. Na perspectiva da teoria bakhtiniana, a origem e desenvolvimento da linguagem se encontram na organização sócio-política e econômica da sociedade. A linguagem é o resultado da atividade humana coletiva, cuja criação e representação é de natureza social. O que a constitui é o fenômeno social da interação verbal, que se concretiza através da enunciação.
Observamos essa alternância dos sujeitos do discurso de modo mais simples e evidente no diálogo real, em que se alternam, as enunciações dos interlocutores (parceiros no diálogo), denominada por réplicas. Por sua precisão e simplicidade, o diálogo é a forma clássica de comunicação discursiva. Cada réplica, por mais breve e fragmentária que seja, possui uma conclusibilidade específica ao exprimir certa posição do falante que suscita resposta, em relação à qual se pode assumir uma posição responsiva.
A língua como sistema possui, evidentemente, um rico arsenal de recursos linguísticos – lexicais, morfológicos e sintáticos – para exprimir a posição emocionalmente valorativa do falante, mas todos esses recursos enquanto recursos da língua são absolutamente neutros em relação a qualquer avaliação real determinada. A palavra “amorzinho” – hipocorística tanto pelo significado do radical quanto pelo sufixo – em si mesma, como unidade da língua, é tão neutra quanto a palavra “longe”. Ela é apenas um recurso linguístico para uma possível expressão de relação emocionalmente valorativa com a realidade, no entanto não se refere a nenhuma realidade determinada; essa referência, isto é, esse real juízo de valor, só pode ser realizado pelo falante em seu enunciado concreto. As palavras não são de ninguém, em si mesmas nada valorizam, mas podem abastecer qualquer falante e os juízos de valor mais diversos e diametralmente opostos dos falantes.
Quando escolhemos as palavras, partimos do conjunto projetado do enunciado, e esse conjunto que projetamos e criamos é sempre expressivo e é ele que irradia a sua expressão (ou melhor, a nossa expressão) a cada palavra que escolhemos; por assim dizer, contagia essa palavra com a expressão do conjunto. E escolhemos a palavra pelo significado que em si mesmo não é expressivo, mas pode ou não corresponder aos nossos objetivos expressivos em face de outras palavras, isto é, em face do conjunto do nosso enunciado.
Quando escolhemos as palavras no processo de construção de um enunciado, nem de longe as tomamos sempre do sistema da língua em sua forma neutra, lexicográfica. Costumamos tirá-las de outros enunciados e antes de tudo de enunciados congêneres com o nosso, isto é, pelo tema, pela composição, pelo estilo; consequentemente, selecionamos as palavras segundo a sua especificação de gênero. O gênero do discurso não é uma forma da língua, mas uma forma típica do enunciado; como tal forma, o gênero inclui certa expressão típica a ele inerente.
As palavras da língua não são de ninguém, mas ao mesmo tempo nós as ouvimos apenas em determinadas enunciações individuais, nós as lemos em determinadas obras individuais, e aí as palavras já não têm expressão apenas típica porém expressão individual externada com maior ou menor nitidez (em função do gênero), determinada pelo contexto singularmente individual do enunciado.
Neste caso, a palavra atua como expressão de certa posição valorativa do homem individual (de alguém dotado de autoridade, do escritor, cientista, pai, mãe, amigo, mestre, etc) como abreviatura do enunciado.
Em cada época, em cada círculo social, em cada micromundo familiar, de amigos e conhecidos, de colegas, em que o homem cresce e, vive, sempre existem enunciados investidos de autoridade que dão o tom, como as obras de arte, ciência, jornalismo político, nas quais as pessoas se baseiam, as quais elas citam, imitam, seguem. Em cada época e em todos os campos da vida e da atividade, existem determinadas tradições, expressas e conservadas em vestes verbalizadas: em obras, enunciados, sentenças, etc. Sempre existem essas ou aquelas idéias determinadas dos “senhores do pensamento” de uma época verbalmente expressas, algumas tarefas fundamentais, lemas, etc. Já nem falo dos modelos de antologias escolares nos quais as crianças aprendem a língua materna e, evidentemente, são sempre expressivos.
Eis por que a experiência discursiva individual de qualquer pessoa se forma e se desenvolve em uma interação constante e contínua com os enunciados individuais dos outros. Como percebemos no poema de João Cabral de Melo Neto.
Em certo sentido, essa experiência pode ser caracterizada como processo de assimilação – mais ou menos criador – das palavras do outro (e não das palavras da língua). Nosso discurso, isto é, todos os nossos enunciados (inclusive as obras criadas) são plenos de palavras dos outros, de um grau vário de alteridade ou de assimilabilidade, de um grau vário de aperceptibilidade e de relevância. Essas palavras dos outros trazem consigo a sua expressão, o seu tom valorativo que assimilamos, reelaboramos e reacentuamos.
A expressividade de determinadas palavras não é uma propriedade da própria palavra como unidade da língua e não decorre imediatamente do significado dessas palavras; essa expressão ou é uma expressão típica do gênero, ou um eco de uma expressão individual alheia, que torna a palavra uma espécie de representante da plenitude do enunciado do outro como posição valorativa determinada.
O enunciado é pleno de tonalidades dialógicas, e sem levá-las em conta é impossível entender até o fim o estilo de um enunciado. Porque a nossa própria idéia – seja filosófica, científica, artística – nasce e se forma no processo de interação e luta com os pensamentos dos outros, e isso não pode deixar de encontrar o seu reflexo também nas formas de expressão verbalizada do nosso pensamento.
Os ecos da alternância dos sujeitos do discurso e das suas mútuas relações dialógicas aqui se ouvem nitidamente. Contudo, em qualquer enunciado, quando estudado com mais profundidade em situações concretas de comunicação discursiva, descobrimos toda uma série de palavras do outro semilatentes e latentes, de diferentes graus de alteridade.
Uma visão de mundo, uma corrente, um ponto de vista, uma opinião sempre têm uma expressão verbalizada. Tudo isso é discurso do outro (em forma pessoal ou impessoal), e este não pode deixar de refletir-se no enunciado. O enunciado está voltado não só para o seu objeto, mas também para os discursos do outro sobre ele.
No entanto, até a mais leve alusão ao enunciado do outro imprime no discurso uma reviravolta dialógica, que nenhum tema centrado meramente no objeto pode imprimir. A relação com a palavra do outro difere essencialmente da relação com o objeto, mas ela sempre acompanha esse objeto. Reiterando: o enunciado é um elo na cadeia da comunicação discursiva e não pode ser separado dos elos precedentes que o determinam tanto de fora quanto de dentro, gerando nele atitudes responsivas diretas e ressonâncias dialógicas.
Um traço essencial (constitutivo) do enunciado é o seu direcionamento a alguém, o seu endereçamento.
Portanto, o direcionamento, o endereçamento do enunciado é sua peculiaridade constitutiva sem a qual não há nem pode haver enunciado. As várias formas típicas de tal direcionamento e as diferentes concepções típicas de destinatários são peculiaridades constitutivas e determinantes dos diferentes gêneros do discurso.
3. Possibilidade de mudança do enunciado e a sua consequência nas relações escolares
Se pensarmos na constituição da humanização, a partir, não da identidade, mas sim da alteridade, num dialogismo, numa interação, no ambiente escolar, como local privilegiado onde ocorre a troca com o outro, pelo signo, através da linguagem, a relação do eu com o outro seria uma relação de qualidades.
Podemos dizer que as interações no espaço escolar, a exemplo da realização dos Conselhos de Classes, na maioria de nossas escolas, da forma como vem sendo aplicada, não contribui para a melhoria do aprendizado de nossos alunos e nem na constituição do humano, que pensa a ideologia diante do outro, que se abre a reflexibilidade, a responsabilidade, a autonomia, etc.
Devemos compreender o que Bakhtin diz quando o fato que define o homem é a questão de ser ele: produtor de texto. Assim, devemos entender texto (enunciado) no sentido mais amplo, não só no seu contexto imediato, mas também num contexto maior: social, cultural, econômico, histórico, etc.
Dessa forma, pensar no social, na questão humana como princípios a serem discutidos e construídos nas interações escolares são de suma importância ao processo ensino-aprendizagem. Quando da realização dos Conselhos de Classes, pensamos no discurso pedagógico, como fica a alteridade nesse espaço? Na maioria das vezes, o discurso pedagógico reflete uma ordem social, uma maneira de pensar que obedece a um discurso institucional. Dessa forma, os professores, reproduzem essa ordem social e querem que o aluno também o faça. Como não esmagar esse “outro” e fazer com que a alteridade, a questão da humanização esteja presente nos enunciados dos Conselhos de Classes?
Precisamos que haja um olhar diferenciado sobre os alunos no processo de Conselho de Classe, e até de sua participação como membro efetivo, além de ter a preocupação de saber quem é esse sujeito que ora interage na equipe e principalmente como fazer a diferença na vida dele, se interagimos pela linguagem.
Como combinar no discurso pedagógico a teoria e a prática? Sabemos que há diferenças entre teoria e prática, mas é nessa relação que estão as oportunidades de mudanças e crescimento da qualidade.
Por isso, é necessário acreditar nas reuniões pedagógicas como espaço privilegiado para reflexões e troca de conhecimentos/experiências. Uma ótima oportunidade para se falar e praticar a alteridade na escola.
As questões humanas são intermediadas pela linguagem. Respeitar as diferenças, considerar a alteridade sem esmagar, sem impor, são ações a serem exercitadas, criadas, elaboradas e reelaboradas no cotidiano das experiências e do trabalho coletivo das escolas.
A escola precisa praticar a alteridade, e o espaço das reuniões pedagógicas, como já citado, é um espaço privilegiado. Acrescenta-se o Projeto Político Pedagógico que tem de ser construído coletivamente e entendido por todos na escola. O trabalho compromissado e engajado é o ponto de partida para ressignificar o espaço escolar.
Nas reuniões de Conselho de Classe, tínhamos sempre dois alunos representantes de cada turma, e como era interessante ver as colocações deles, que, às vezes até nos deixavam sem chão! Ouvir o enunciado do outro, que não é um simples outro, é a voz do aluno diante de reais situações de comunicação. É um exercício muitas vezes doloroso, mas extremamente necessário para que possamos ouvir todas as vozes.
O Conselho de Classe, com essa participação de dois alunos, estava garantida no Projeto Político Pedagógico e não era uma prática. Enquanto coordenadora pedagógica de uma escola estadual, em 2007, apenas coloquei-a em prática. Lembro-me bem, aquele “disse me disse” que há quando só professores se encontram no Conselho de Classe? Pois é, mudou de figura, os alunos colocavam seus pontos de vista de forma organizada e objetiva, e de fato assumiram o compromisso de representarem suas turmas. Os enunciados concretos dos alunos fizeram a diferença.
A linguagem dos professores modificou-se, o estilo dos apontamentos foi mais próprio ao ato educativo. Sem apelidos e palavras com sentidos negativos. Sem enunciados depreciativos.
O que teria acontecido? A presença dos alunos provocou a mudança nos enunciados orais dos professores, nos gêneros que foram produzidos a partir disso?
Acredito que o aspecto gramatical (seleção de léxicos, entonação, estilo, etc.) na construção do gênero oral (discurso avaliativo do Conselho) aprimorou-se nessa situação real de produção de linguagem, com atenção aos interlocutores e aos objetivos ali propostos, e principalmente em função do gênero escolhido para o Conselho de Classe.
Dessa forma, há compreensão de sentido no trabalho pedagógico, trabalho engajado, na construção do Projeto Político Pedagógico como espaço de diretrizes definidas pela comunidade escolar, estabelecendo situações reais de produção de linguagem e que produzem um trabalho bem-sucedido. Por vezes doloroso, como já mencionado, mas precioso e produtivo.
Então, o aspecto gramatical tem sua importância nos gêneros orais e escritos, de uso cotidiano ou não. Dá o charme aos textos produzidos e a elegância das gentilezas na interação com o outro, pensando na alteridade.
4. Conclusão
Nas interações que se dão na escola, com os colegas e especialmente com o professor, os alunos desenvolvem experiências socioculturais inestimáveis, que desenvolvem seu pensamento e, é claro, sua linguagem.
Termos enunciados concretos melhores elaborados e produzidos nos Conselhos de Classe significa que precisamos cultivar uma atitude educacional alicerçada por sólido conhecimento da linguagem, vista como prática cotidiana, e muita vontade de fazer diferença, não apenas moda. Pode ser desafiador, mas vale a pena!
Assim, podemos dizer que as inúmeras e sempre diferentes situações de comunicação nas quais nos encontramos durante todos os momentos de nossa existência exigem um olhar diferenciado, de sentimento, de humanização. A relação do sujeito em constante interação com a sociedade e com a linguagem. Esta, vista como produto social, e não institucional, mostra a postura bakhtiniana. Se o sujeito é parte atuante do meio social, ele também é um fator de interação e possibilita novos enunciados no outro. O respeito, a cooperação, os bons enunciados humanizam as relações e o próprio ser.
5. Referências
BAKHTIN, M. ([1952-1953]1979). Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
_______; VOLOCHINOV, V. N (1929). Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2004.
KLEIMAN, A. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola. In: KLEIMAN, A. (Org.) Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995.
MELO NETO, João Cabral de. “A educação pela pedra”, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: LÍNGUA PORTUGUESA. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3 ed. Brasília: A Secretaria, 2001.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim et al. Gêneros orais e escritos na escola.
Campinas: Mercado das Letras, 2004.
www.escrevendo.cenpec.org.br / Comunidade Escrevendo o futuro.
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