Fernanda Lopes
É sabido que o Japão sempre foi um país de tendência expansiva e influenciadora, fato observado desde a II Guerra Mundial. No que se refere às histórias em quadrinhos denominadas mangás, tal tendência também pode ser comprovada.
O termo mangá foi sugerido por um pintor japonês do século XIX, resultado da junção de “man”, cujo significado é “involuntário”, e “ga”, que significa “desenho”, imagem. Nesse sentido, mangá designaria uma imagem involuntária.
O mestre dos quadrinhos japoneses foi Osamu Tezuka e muitas das histórias tiveram, desde o início, grande influência dos quadrinhos ocidentais, notadamente da obra de Walt Disney.
No entanto, a origem semântica do mangá (imagem involuntária) não quer dizer que esta expressão artística é desprovida de ideologia. Ao contrário, como diz Guyot (1994, p. 73), “a arte pela arte não existe e, não mais do que qualquer outro meio de expressão, a história em quadrinho não é ideologicamente neutra”.
Nesta mesma linha, Bakthin descreve que:
“a própria relação mútua dos gêneros primários e secundários e o processo de formação histórica dos últimos lançam luz sobre a natureza do enunciado e antes de tudo sobre o complexo problema da relação de reciprocidade entre linguagem e ideologia”. (2006, p. 264)
No caso dos mangás, avaliar a ideologia presente em seu conteúdo faz-se importante se observarmos o grande poder que essa expressão artística exerce nas pessoas. “Por meio da leitura, os leitores imediatamente se identificam com os personagens, que retratam situações vividas no dia a dia ou revelam anseios e sonhos”. (Luyten, 2000, p. 14).
Segundo Gusman (2005, p.79),
“O fascínio dos brasileiros pelos animes (desenhos animados japoneses) vem de longa data, desde a década de 1960. No entanto, essa não nos dava no mangá que geralmente originavam esses desenhos. Isso ocorria porque os quadrinhos nipônicos não eram publicados aqui”.
No Brasil, o anime (desenhos japonês) de “A princesa e o Cavalheiro”, de Ossamu Tezuka, foi um dos primeiros a ser transmitido aqui. Ele é um shoujo anime baseado em um shoujo mangá (mangá para meninas).
Esses foram os primeiros animes a serem transmitidos no Brasil e abriram caminho para a entrada da cultura japonesa no mercado e gosto brasileiro.
Com o passar das décadas, essa cultura aos desenhos orientais foi diminuindo até cair no esquecimento. No entanto,em 1995,com o aparecimento de “Cavaleiros do Zodíaco”, de Massami Kurumada, o anime voltou a interessar os brasileiros e, desta vez, até com mais força. Com resultado dessa ressurreição dos animes é que muitos outros títulos de sucesso chegaram até os nossos dias de hoje.
Graças aos animes, algumas editoras nacionais decidiram publicar títulos de mangas e optaram por manter o formato oriental de leitura - da direita para a esquerda. Essa necessidade de manter tal formato serve para que o leitor não perca o prazer de sentir, na integra, as regras e formato do mangá, seria necessário transformar muitos aspectos desses textos o que, talvez, prejudicasse significados originalmente propostos.
Para Orlandi, (1988, p.43):
“Nessa dinâmica entre as leituras previstas para um texto e as novas leituras possíveis é que tenho situado o limite difícil de ser traçado na relação de interação que a leitura envolve aquilo que o leitor não chegou a compreender e o mínimo que se espera que seja compreendido”.
O Brasil possui a maior colônia japonesa fora do Japão e foi o primeiro país ocidental em que surgiu uma associação dedicada aos mangás: a Abrademi (Associação Brasileira e Ilustrações). Em 1978, graças aos desenhistas locais de ascendência nipônica foi que a introdução desse estilo se deu em nosso país.
Nos anos 80, algumas editoras começaram a traduzir mangas em um formato diferente do japonês, mas, a partir do ano 2000, graças ás editoras JBC, Conrad, Panini Brasil, New Pop e Mithos, o mangá ganhou grande força no mercado nacional e com leitura no sentido orientas, mas ainda respeitando todas as suas outras particularidades.
Para H.D. R (2005, p.102)
“O poder visual da narrativa dos quadrinhos japoneses, bem como sua abordagem criativa com a construção de seus personagens por meio de recursos literários, grafismos com artes plásticas, composição e escolha de cena das páginas com linguagem cinematográfica faz das HQ´s uma das mídias mais completas que não se tornam apenas populares em seu aspecto pop,mas tem poder elucidativo,contestador e didático”.
Bibliografia
Bakthin, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra, 4ª edição. São Paulo: Marins Fontes, 2006.
__________.Marxismo e filosofia da linguagem. 12ª edição. São Paulo: Hucitec, 2006.
Luyten,S.Cultura Pop Japonesa.São Paulo:Hedra,2005.
___________.O poder dos quadrinhos Japoneses. São Paulo: Hedra, 2000.
Moliné, A. O grande livro dos mangás. São Paulo: JBC, 2006.
Orlandi, E P. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez; Campinas: Unicamp, 1988.
Quella-Guyot, D. A história em quadrinhos. Tradução: Maria Stela Gonçalves e
Adail Ubirajara Sobral. São Paulo. 1994 Unibanco editora.
É sabido que o Japão sempre foi um país de tendência expansiva e influenciadora, fato observado desde a II Guerra Mundial. No que se refere às histórias em quadrinhos denominadas mangás, tal tendência também pode ser comprovada.
O termo mangá foi sugerido por um pintor japonês do século XIX, resultado da junção de “man”, cujo significado é “involuntário”, e “ga”, que significa “desenho”, imagem. Nesse sentido, mangá designaria uma imagem involuntária.
O mestre dos quadrinhos japoneses foi Osamu Tezuka e muitas das histórias tiveram, desde o início, grande influência dos quadrinhos ocidentais, notadamente da obra de Walt Disney.
No entanto, a origem semântica do mangá (imagem involuntária) não quer dizer que esta expressão artística é desprovida de ideologia. Ao contrário, como diz Guyot (1994, p. 73), “a arte pela arte não existe e, não mais do que qualquer outro meio de expressão, a história em quadrinho não é ideologicamente neutra”.
Nesta mesma linha, Bakthin descreve que:
“a própria relação mútua dos gêneros primários e secundários e o processo de formação histórica dos últimos lançam luz sobre a natureza do enunciado e antes de tudo sobre o complexo problema da relação de reciprocidade entre linguagem e ideologia”. (2006, p. 264)
No caso dos mangás, avaliar a ideologia presente em seu conteúdo faz-se importante se observarmos o grande poder que essa expressão artística exerce nas pessoas. “Por meio da leitura, os leitores imediatamente se identificam com os personagens, que retratam situações vividas no dia a dia ou revelam anseios e sonhos”. (Luyten, 2000, p. 14).
Segundo Gusman (2005, p.79),
“O fascínio dos brasileiros pelos animes (desenhos animados japoneses) vem de longa data, desde a década de 1960. No entanto, essa não nos dava no mangá que geralmente originavam esses desenhos. Isso ocorria porque os quadrinhos nipônicos não eram publicados aqui”.
No Brasil, o anime (desenhos japonês) de “A princesa e o Cavalheiro”, de Ossamu Tezuka, foi um dos primeiros a ser transmitido aqui. Ele é um shoujo anime baseado em um shoujo mangá (mangá para meninas).
Esses foram os primeiros animes a serem transmitidos no Brasil e abriram caminho para a entrada da cultura japonesa no mercado e gosto brasileiro.
Com o passar das décadas, essa cultura aos desenhos orientais foi diminuindo até cair no esquecimento. No entanto,em 1995,com o aparecimento de “Cavaleiros do Zodíaco”, de Massami Kurumada, o anime voltou a interessar os brasileiros e, desta vez, até com mais força. Com resultado dessa ressurreição dos animes é que muitos outros títulos de sucesso chegaram até os nossos dias de hoje.
Graças aos animes, algumas editoras nacionais decidiram publicar títulos de mangas e optaram por manter o formato oriental de leitura - da direita para a esquerda. Essa necessidade de manter tal formato serve para que o leitor não perca o prazer de sentir, na integra, as regras e formato do mangá, seria necessário transformar muitos aspectos desses textos o que, talvez, prejudicasse significados originalmente propostos.
Para Orlandi, (1988, p.43):
“Nessa dinâmica entre as leituras previstas para um texto e as novas leituras possíveis é que tenho situado o limite difícil de ser traçado na relação de interação que a leitura envolve aquilo que o leitor não chegou a compreender e o mínimo que se espera que seja compreendido”.
O Brasil possui a maior colônia japonesa fora do Japão e foi o primeiro país ocidental em que surgiu uma associação dedicada aos mangás: a Abrademi (Associação Brasileira e Ilustrações). Em 1978, graças aos desenhistas locais de ascendência nipônica foi que a introdução desse estilo se deu em nosso país.
Nos anos 80, algumas editoras começaram a traduzir mangas em um formato diferente do japonês, mas, a partir do ano 2000, graças ás editoras JBC, Conrad, Panini Brasil, New Pop e Mithos, o mangá ganhou grande força no mercado nacional e com leitura no sentido orientas, mas ainda respeitando todas as suas outras particularidades.
Para H.D. R (2005, p.102)
“O poder visual da narrativa dos quadrinhos japoneses, bem como sua abordagem criativa com a construção de seus personagens por meio de recursos literários, grafismos com artes plásticas, composição e escolha de cena das páginas com linguagem cinematográfica faz das HQ´s uma das mídias mais completas que não se tornam apenas populares em seu aspecto pop,mas tem poder elucidativo,contestador e didático”.
Bibliografia
Bakthin, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra, 4ª edição. São Paulo: Marins Fontes, 2006.
__________.Marxismo e filosofia da linguagem. 12ª edição. São Paulo: Hucitec, 2006.
Luyten,S.Cultura Pop Japonesa.São Paulo:Hedra,2005.
___________.O poder dos quadrinhos Japoneses. São Paulo: Hedra, 2000.
Moliné, A. O grande livro dos mangás. São Paulo: JBC, 2006.
Orlandi, E P. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez; Campinas: Unicamp, 1988.
Quella-Guyot, D. A história em quadrinhos. Tradução: Maria Stela Gonçalves e
Adail Ubirajara Sobral. São Paulo. 1994 Unibanco editora.
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