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Entre um fragmento finito e um todo inacabado

Carolina Cristovão de Macedo

O primeiro contato que tive com o "pensamento bakhtiniano" me foi revelador e reconstruiu toda uma maneira que tinha de enxergar o discurso (em um ponto de vista mais específico) e até as relações no mundo (de modo mais geral).

Privilegiar o trabalho com o material concreto e real hoje me parece primordial para qualquer estudo, e me parece curioso que antes tal conceito não fosse claro, e que muitas vezes buscou-se homogeneizar o mundo com teorias e métodos geralmente incongruentes. Meus estudos com o Círculo possibilitou compreender que um enunciado, se visto isoladamente, não apresenta seu sentido completo, mas que, se contemplado em seu contexto (não apenas social ou histórico, mas também dialógico) diz muito mais do que se imagina.

Cabe ressaltar que é impossível restringir o pensamento bakhtiniano a apenas uma área do conhecimento, Bakhtin, como outros integrantes de seu Círculo, eram “pensadores”, mais que lingüistas ou cientistas, pois suas proposições transcendem qualquer tentativa de delimitação. Acredito que essa seja uma das grandes revoluções nos estudos atuais. Cada vez mais estamos inseridos em um mundo fragmentado, mas há muito somos inábeis ao lidar com essas partes, pois as isolamos do “todo” e buscamos olhá-las da forma mais profunda e completa possível, de modo que, por vezes, a especialização dificulta a compreensão do objeto de estudo no mundo.

O diálogo entre áreas do conhecimento, a visão inacabada do objeto e a preocupação com o concreto (em detrimento do genérico) são categorias que propõem uma nova forma de pensar o mundo, com a qual temos muito que aprender.

É impossível ignorar que o pensamento bakhtiniano esteja se desenvolvendo e se expandindo nos mais variados lugares do globo e nos diferentes campos do conhecimento. Nos estudos linguísticos isso já é evidente, ainda que muitos da área cheguem a desconhecer a proposta do Círculo. Os PCNs de língua portuguesa, por exemplo, têm como grande baseo pensamento bakhtiniano, mas convém perguntar: Quantos professores têm acesso e estudam tais propostas?

Com as “rodas de conversas” espero compreender cada vez mais esse pensamento que tanto me encanta, buscar difundi-lo, descobrir novos aspectos sobre ele, aproveitando ao máximo um espaço tão importante de diálogo, a que raramente temos acesso.

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