Ivanda Alexandre Pereira
A literatura acadêmica documenta, que lá pelos idos da década de vinte, Mikhail Bakhtin (1895-1975), defendia em rodas de conversas, entre intelectuais e artistas, que a linguagem é por natureza, constitutivamente dialógica, e que a língua não é ideologicamente neutra e sim complexa, argumentava ele, que a partir do momento em que o sujeito faz uso do discurso, instaura-se na língua choques e contradições oriundos do contexto sócio-histórico, ele contestava o caráter monológico e neutro da língua, defendido pelos linguistas da época.
Há controvérsias quanto a autoria dos textos publicados. Pesquisadores influentes esclarecem aos seus leitores, que é difícil afirmar com precisão quais partes dos textos documentados, são de Bakhtin, e quais são de seu discípulo e adepto, Volochinov. Como defendia ele que no discurso de um, está inscrito o discurso de outro, acredito que não se preocupou com essa questão.
Nessas rodas de conversas, Bakhtin, também expunha suas idéias sobre o homem e a vida. Defendia ele uma concepção de sujeito que significa e se constitui em condições específicas de produção,que a dinâmica da interação é marcada pelo princípio dialógico. Para ele a alteridade define o ser humano, o outro é imprescindível para a concepção do sujeito: pois é impossível, pensar no sujeito fora das relações que o ligam ao outro. Como isso se dá na prática? De que forma se manifesta no cotidiano?Perguntava a professora, um outro que se constituiu grudado em mim.
Foi então que de repente, nada mais do que de repente, por exigência de uma das disciplinas do curso que faço no IEL-UNICAMP, fui assistir ao filme dirigido por Luiz Villaça, O Contador de Histórias. O filme narra fragmentos da trajetória pessoal de Roberto Carlos Ramos, menino pobre, filho de lavadeira, caçula de nove irmãos e morador da periferia de Belo Horizonte, uma das capitais do Brasil. Levado pelas mãos da mãe que acreditou em uma propaganda enganosa, ele ingressou na Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor. Lá viveu dos 6 aos 13 anos, aprendeu a roubar, brigar e se viciar em drogas, fugiu dezenas de vezes, por isso era considerado pela diretora da Instituição como irrecuperável.
Logo no início, meu olhar grudou no menino que trazia com ele toda a pobreza e miséria em que vive a maioria da população brasileira. Com ele, veio a FEBEM, instituição social, criada pelo poder público com o (des)propósito de acolher e suprir as carências e ausências sentidas por essa população. A propaganda construída e veiculada para divulgar o trabalho da instituição, engana e produz desejos que não serão realizados, provocando, portanto, um efeito perverso e desumanizante naqueles que acreditaram em possibilidades de superação da pobreza.
O diálogo foi inevitável. Aquele menino provocou incômodos que me fizeram pensar sobre minha trajetória pessoal e profissional. Roberto despertou em mim, mulher, professora, brasileira, que sou, menina, marcada, que como ele, pelas dificuldades vividas na infância em uma sociedade desumanizada e excludente, um sentimento de comunidade de destino. Enquanto assistia ao filme, o meu discurso interior estava em movimento e começava a produzir sentido aos dizeres de Bakhtin sobre intersubjetividade e subjetividade. Foi naquele momento, que comecei a compreender a questão que para Bakhtin é cara, a intersubjetividade é anterior à subjetividade, pois a relação entre os interlocutores não apenas funda a linguagem e produz sentido, como também constitui os próprios sujeitos.
No filme, Roberto nos mostra que dentro da instituição, não há lugar para a ingenuidade, mesmo criança aprendeu a se defender e jogar dentro do jogo simbólico produzido naquele contexto por adultos e crianças. Em meio a esse convívio, ele e aqueles que ali estavam, constituiam-se reciprocamente. Articulados numa mesma trama, eles compunham o contexto e as relações da/na instituição. Ele chegou menino, ingênuo e tinha sonhos e esperanças, mas se deparou com um ambiente legitimado pela violência. Ele aprendeu, depois de sofrer agressões físicas, que nas relações de poder instituídas naquele lugar, que quem sobrevive é aquele que usa de força bruta. No jogo da sobrevivência é melhor ser amigo daquele que pode mais, no caso do filme, é Cabelinho de Fogo, mas para que isso acontecesse, tinha regras, e uma delas é se sujeitar ao estupro, à violência sexual, e Roberto só entendeu com o ato da coragem, quando pediu para ser integrante da turma e Cabelinho de Fogo lhe disse que teria que ser a "mulherzinha" da turma.
Nesse movimento de olhar para a trama, deparei-me com a minha imagem refletida na tela. Roberto, menino, poderia ser a menina, recém chegada da zona rural nas imediações da zona urbana, em meados da década de sessenta, e ingressava como estudante no Grupo Escolar, lugar onde criança pobre não tinha vez. As imagens guardadas na memória da ambiência da escola, são de crianças atrás da porta, ajoelhadas em milho ou em tampinhas de garrafas, ou com os braços abertos colados na parede, e isso eu não queria que acontecesse comigo. Silenciava-me. O silência era usado como mecanismo de rebeldia. A minha luta com aquela que se achava no direito de reprimir era interior. Eu me calava como forma de protesto. O silêncio significava confronto.
Quando me apropriei da leitura e da escrita, o confronto ficou maior. A professora conseguiu dar-me o que ela tinha de melhor, o conhecimento. Nessa arena, conhecer é poder (confronto) e luta (resistência). Naquele momento, pensava eu, não precisava mais de alguém que tinha o papel de ensinar, buscava o conhecimento nos livros didáticos, muito embora hoje eu saiba as mazelas que eles deixaram. Naquela época, intuitivamente, compreendi que quem é pobre precisa conquistar seu espaço. Eu lia muito, escrevia textos considerados excelentes pelas professoras. A menina entendeu o jogo e decidiu participar dele. Naquele contexto, quem era o "melhor", tinha vez e voz, conquistando espaço em um território de quem tem a palavra. Enquanto a resistência de Roberto se manifestava de forma aparente, através do confronto verbal, de fugas, uso de drogas, a minha era velada e manifesta com a apropriação do conhecimento que representava poder.
Depois do episódio do estupro, Roberto considerou que era melhor morrer, mas nem isso ele conseguiu. O trem que ele escolheu para o suicídio, passou por outro trilho. Foi então que lembrou ele, agora, tinha Margherit, pedagoga francesa que viera para o Brasil realizar uma pesquisa. Uma semana antes do episódio do estupro, eles se conheceram em um encontro casual(?), um dia em que ele fora reconduzito de novo para a Instituição, após mais uma de suas fugas, lá estava ela. Logo de cara se interessou por ele, mas Roberto já estava marcado pela descrença, não acreditava mais nas pessoas e não queria sofrer mais um abandono. Será que valia a pena dar-lhe uma chance? Chance que seria dada a si? Mesmo tendo dito que não lhe contaria sua história, Roberto voltou atrás e decidiu procurá-la, afinal, o convite partiu dela. Quando ela abriu a porta do apartamento, ele entrou desabalado e se refugiou no banheiro, estava "sujo", por fora e por dentro.
Esse foi o início de sua viagem em busca de si mesmo, viagem a si mesmo pelo outro e com o outro. Quanto mais se distanciava do ponto de partida mais se perdia de si mesmo. Nessa viagem, a identidade em alteridade. Ele, menino, marcado pela exclusão, pela perda de referência e pela busca de identidade. Ela, mulher, despatriada, sozinha, professora, pesquisadora, separada, sem filhos. Aprendem a ouvir-se, ele conta sua história e ouve a dela; aprendem a olhar-se, ela o ensina a andar de cabeça erguida, é necessário para os enfrentamentos; aprendem a ser um com o outro. Na relação com o outro, Roberto transforma-se, é transformado, transforma. Mediado por Margherit, ele (des)constitui-se, produzindo um outro em si mesmo e aprendeu a re-significar o outro e a assumir um projeto com o outro para tornar-se também, pedagogo, pesquisador e, posteriormente, um dos dez maiores contadores de histórias do Brasil.
Diante da trama, fui assaltada por um momento de confusão, e saí da sala do cinema com essa sensação. E há algo mais incômodo do que confusão? O filme mostrava-me possibilidades de engendrar outros caminhos, o da constituição da professora. Afinal, aquele menino, também poderia ser um dos meus alunos, criança que ingressa no Ensino Fundamental, acreditando que chegou ao lugar mágico de que tanto ouvira falar, lugar em que se depararia com a Fada Madrinha dos contos de fadas narrados na Educação Infantil e que o conduzirá a apropriação da leitura e da escrita. A tomada de consciência instigava-me: Até que ponto tenho contribuído para a perpetuação da exclusão e da pobreza? Em que momentos eu me engano e desempenho o papel da Diretora da Instituição que não apostava na crença da criança para potencializar seu desenvolvimento? Em que momentos eu me elucido e acolho cada uma das crianças com as suas diferenças e lhes dou a chance de terem outras oportunidades de superação? À medida em que me observava no cotidiano da minha atuação, minhas certezas constituiam-se em incertezas e eu também me perdia de mim mesma. Meu olhar provocou um certo desconforto produzindo a necessidade da ressignificação da professora que sou e converter-me a outros caminhos.
Para início de conversa, esses são os meus dizeres. A tentativa foi escrever uma crônica, mas a heterogeneidade, os gêneros discursivos, o intertexto, a polifonia, o dialogismo... não deixaram.
Bibliografia Consultada:
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1999.
__________ Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BRAIT B. (org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
PEREIRA, I. A. A (des)constituição de uma professora a partir do próprio trabalho pedagógico. Ou, da provisoriedade das certezas pedagógicas. FE/UNICAMP, 2003. Dissertação de Mestrado.
Vigotski - O Manuscrito de 1929: Temas sobre a constituição cultural do homem. Educação & Sociedade, n. 71, 2000.
A literatura acadêmica documenta, que lá pelos idos da década de vinte, Mikhail Bakhtin (1895-1975), defendia em rodas de conversas, entre intelectuais e artistas, que a linguagem é por natureza, constitutivamente dialógica, e que a língua não é ideologicamente neutra e sim complexa, argumentava ele, que a partir do momento em que o sujeito faz uso do discurso, instaura-se na língua choques e contradições oriundos do contexto sócio-histórico, ele contestava o caráter monológico e neutro da língua, defendido pelos linguistas da época.
Há controvérsias quanto a autoria dos textos publicados. Pesquisadores influentes esclarecem aos seus leitores, que é difícil afirmar com precisão quais partes dos textos documentados, são de Bakhtin, e quais são de seu discípulo e adepto, Volochinov. Como defendia ele que no discurso de um, está inscrito o discurso de outro, acredito que não se preocupou com essa questão.
Nessas rodas de conversas, Bakhtin, também expunha suas idéias sobre o homem e a vida. Defendia ele uma concepção de sujeito que significa e se constitui em condições específicas de produção,que a dinâmica da interação é marcada pelo princípio dialógico. Para ele a alteridade define o ser humano, o outro é imprescindível para a concepção do sujeito: pois é impossível, pensar no sujeito fora das relações que o ligam ao outro. Como isso se dá na prática? De que forma se manifesta no cotidiano?Perguntava a professora, um outro que se constituiu grudado em mim.
Foi então que de repente, nada mais do que de repente, por exigência de uma das disciplinas do curso que faço no IEL-UNICAMP, fui assistir ao filme dirigido por Luiz Villaça, O Contador de Histórias. O filme narra fragmentos da trajetória pessoal de Roberto Carlos Ramos, menino pobre, filho de lavadeira, caçula de nove irmãos e morador da periferia de Belo Horizonte, uma das capitais do Brasil. Levado pelas mãos da mãe que acreditou em uma propaganda enganosa, ele ingressou na Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor. Lá viveu dos 6 aos 13 anos, aprendeu a roubar, brigar e se viciar em drogas, fugiu dezenas de vezes, por isso era considerado pela diretora da Instituição como irrecuperável.
Logo no início, meu olhar grudou no menino que trazia com ele toda a pobreza e miséria em que vive a maioria da população brasileira. Com ele, veio a FEBEM, instituição social, criada pelo poder público com o (des)propósito de acolher e suprir as carências e ausências sentidas por essa população. A propaganda construída e veiculada para divulgar o trabalho da instituição, engana e produz desejos que não serão realizados, provocando, portanto, um efeito perverso e desumanizante naqueles que acreditaram em possibilidades de superação da pobreza.
O diálogo foi inevitável. Aquele menino provocou incômodos que me fizeram pensar sobre minha trajetória pessoal e profissional. Roberto despertou em mim, mulher, professora, brasileira, que sou, menina, marcada, que como ele, pelas dificuldades vividas na infância em uma sociedade desumanizada e excludente, um sentimento de comunidade de destino. Enquanto assistia ao filme, o meu discurso interior estava em movimento e começava a produzir sentido aos dizeres de Bakhtin sobre intersubjetividade e subjetividade. Foi naquele momento, que comecei a compreender a questão que para Bakhtin é cara, a intersubjetividade é anterior à subjetividade, pois a relação entre os interlocutores não apenas funda a linguagem e produz sentido, como também constitui os próprios sujeitos.
No filme, Roberto nos mostra que dentro da instituição, não há lugar para a ingenuidade, mesmo criança aprendeu a se defender e jogar dentro do jogo simbólico produzido naquele contexto por adultos e crianças. Em meio a esse convívio, ele e aqueles que ali estavam, constituiam-se reciprocamente. Articulados numa mesma trama, eles compunham o contexto e as relações da/na instituição. Ele chegou menino, ingênuo e tinha sonhos e esperanças, mas se deparou com um ambiente legitimado pela violência. Ele aprendeu, depois de sofrer agressões físicas, que nas relações de poder instituídas naquele lugar, que quem sobrevive é aquele que usa de força bruta. No jogo da sobrevivência é melhor ser amigo daquele que pode mais, no caso do filme, é Cabelinho de Fogo, mas para que isso acontecesse, tinha regras, e uma delas é se sujeitar ao estupro, à violência sexual, e Roberto só entendeu com o ato da coragem, quando pediu para ser integrante da turma e Cabelinho de Fogo lhe disse que teria que ser a "mulherzinha" da turma.
Nesse movimento de olhar para a trama, deparei-me com a minha imagem refletida na tela. Roberto, menino, poderia ser a menina, recém chegada da zona rural nas imediações da zona urbana, em meados da década de sessenta, e ingressava como estudante no Grupo Escolar, lugar onde criança pobre não tinha vez. As imagens guardadas na memória da ambiência da escola, são de crianças atrás da porta, ajoelhadas em milho ou em tampinhas de garrafas, ou com os braços abertos colados na parede, e isso eu não queria que acontecesse comigo. Silenciava-me. O silência era usado como mecanismo de rebeldia. A minha luta com aquela que se achava no direito de reprimir era interior. Eu me calava como forma de protesto. O silêncio significava confronto.
Quando me apropriei da leitura e da escrita, o confronto ficou maior. A professora conseguiu dar-me o que ela tinha de melhor, o conhecimento. Nessa arena, conhecer é poder (confronto) e luta (resistência). Naquele momento, pensava eu, não precisava mais de alguém que tinha o papel de ensinar, buscava o conhecimento nos livros didáticos, muito embora hoje eu saiba as mazelas que eles deixaram. Naquela época, intuitivamente, compreendi que quem é pobre precisa conquistar seu espaço. Eu lia muito, escrevia textos considerados excelentes pelas professoras. A menina entendeu o jogo e decidiu participar dele. Naquele contexto, quem era o "melhor", tinha vez e voz, conquistando espaço em um território de quem tem a palavra. Enquanto a resistência de Roberto se manifestava de forma aparente, através do confronto verbal, de fugas, uso de drogas, a minha era velada e manifesta com a apropriação do conhecimento que representava poder.
Depois do episódio do estupro, Roberto considerou que era melhor morrer, mas nem isso ele conseguiu. O trem que ele escolheu para o suicídio, passou por outro trilho. Foi então que lembrou ele, agora, tinha Margherit, pedagoga francesa que viera para o Brasil realizar uma pesquisa. Uma semana antes do episódio do estupro, eles se conheceram em um encontro casual(?), um dia em que ele fora reconduzito de novo para a Instituição, após mais uma de suas fugas, lá estava ela. Logo de cara se interessou por ele, mas Roberto já estava marcado pela descrença, não acreditava mais nas pessoas e não queria sofrer mais um abandono. Será que valia a pena dar-lhe uma chance? Chance que seria dada a si? Mesmo tendo dito que não lhe contaria sua história, Roberto voltou atrás e decidiu procurá-la, afinal, o convite partiu dela. Quando ela abriu a porta do apartamento, ele entrou desabalado e se refugiou no banheiro, estava "sujo", por fora e por dentro.
Esse foi o início de sua viagem em busca de si mesmo, viagem a si mesmo pelo outro e com o outro. Quanto mais se distanciava do ponto de partida mais se perdia de si mesmo. Nessa viagem, a identidade em alteridade. Ele, menino, marcado pela exclusão, pela perda de referência e pela busca de identidade. Ela, mulher, despatriada, sozinha, professora, pesquisadora, separada, sem filhos. Aprendem a ouvir-se, ele conta sua história e ouve a dela; aprendem a olhar-se, ela o ensina a andar de cabeça erguida, é necessário para os enfrentamentos; aprendem a ser um com o outro. Na relação com o outro, Roberto transforma-se, é transformado, transforma. Mediado por Margherit, ele (des)constitui-se, produzindo um outro em si mesmo e aprendeu a re-significar o outro e a assumir um projeto com o outro para tornar-se também, pedagogo, pesquisador e, posteriormente, um dos dez maiores contadores de histórias do Brasil.
Diante da trama, fui assaltada por um momento de confusão, e saí da sala do cinema com essa sensação. E há algo mais incômodo do que confusão? O filme mostrava-me possibilidades de engendrar outros caminhos, o da constituição da professora. Afinal, aquele menino, também poderia ser um dos meus alunos, criança que ingressa no Ensino Fundamental, acreditando que chegou ao lugar mágico de que tanto ouvira falar, lugar em que se depararia com a Fada Madrinha dos contos de fadas narrados na Educação Infantil e que o conduzirá a apropriação da leitura e da escrita. A tomada de consciência instigava-me: Até que ponto tenho contribuído para a perpetuação da exclusão e da pobreza? Em que momentos eu me engano e desempenho o papel da Diretora da Instituição que não apostava na crença da criança para potencializar seu desenvolvimento? Em que momentos eu me elucido e acolho cada uma das crianças com as suas diferenças e lhes dou a chance de terem outras oportunidades de superação? À medida em que me observava no cotidiano da minha atuação, minhas certezas constituiam-se em incertezas e eu também me perdia de mim mesma. Meu olhar provocou um certo desconforto produzindo a necessidade da ressignificação da professora que sou e converter-me a outros caminhos.
Para início de conversa, esses são os meus dizeres. A tentativa foi escrever uma crônica, mas a heterogeneidade, os gêneros discursivos, o intertexto, a polifonia, o dialogismo... não deixaram.
Bibliografia Consultada:
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1999.
__________ Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BRAIT B. (org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
PEREIRA, I. A. A (des)constituição de uma professora a partir do próprio trabalho pedagógico. Ou, da provisoriedade das certezas pedagógicas. FE/UNICAMP, 2003. Dissertação de Mestrado.
Vigotski - O Manuscrito de 1929: Temas sobre a constituição cultural do homem. Educação & Sociedade, n. 71, 2000.
Nenhum comentário:
Postar um comentário