Josely Teixeira Carlos
Para falar acerca do tema o humano e as subjetividades na contemporaneidade ou, dizendo de outra forma, para refletir sobre a relação entre a singularidade do sujeito e o mundo moderno (ou pós?), coloco essa problemática no âmbito do discurso literomusical brasileiro, produto de uma comunidade discursiva composta por músicos, compositores, letristas, intérpretes, produtores, radialistas, ouvintes e fãs, todos fazedores, divulgadores e consumidores da canção, gênero textual por execelência produzido pela/para a prática discursiva literomusical.
Em minha pesquisa de doutoramento, iniciada em 2009 na Universidade de São Paulo, tenho como principal preocupação investigar como, no campo discursivo da canção brasileira, os cancionistas (compositores, intérpretes etc.) “adquirem” ou investem (n)uma identidade enunciativa que os tornam singulares, ou seja, que os conferem um modo dizer único e particular. A esse modo de dizer singular estou chamando de estilo. É essa singularidade que nos faz afirmar que determinado compositor (Chico Buarque), músico (Renato Borghetti) ou intérprete (Elis Regina) tem estilo.
Mas o que seria o estilo?
Estilo na música popular está relacionado a que aspectos?
A características subjetivas do cancionista como sujeito empírico?
Ou a aspectos construídos por um sujeito cancional interdiscursivo?
O estilo refere-se a um modo de cantar, de se vestir, de dançar do cancionista?
Ou o estilo no discurso literomusical é dado por características do texto verbo-melódico canção, características presentes nas letras, arranjos, melodias etc.?
Haveria um estilo do sujeito empírico cancionista e um estilo do gênero canção? Esses dois são interdependentes ou isolados?
Como se constitui o estilo do cancionista? Essa constituição é “natural”, dada por características intrínsecas ao texto da canção, ou imposta? Quem faz o estilo dos cancionistas? As gravadoras, os produtores musicais, o público, os jornalistas, os críticos, ou eles próprios?
Posso dizer que existem cancionistas SEM estilo?
É equivocado dizer que samba, forró, MPB e rock são estilos, ao invés de gêneros musicais?
Com todas essas indagações, deixando entrever o dialogismo, encerro (e começo) meu texto, que se pretende um ponto inicial de ensejamento das discussões que teremos nesses 3 dias de novembro.
Para quem quiser saber mais sobre discurso literomusical brasileiro, ler Costa (2001 e 2006) e Carlos (2007 e 2007a). Sobre comunidade discursiva, campo discursivo e prática discursiva, ver Maingueneau (1997, 2001 e 2005). Com relação à canção e ao conceito cancionista¸ consultar Costa (2002) e Tatit (1996, 1997 e 1999). Acerca do investimento interdiscursivo, ler Maingueneau (2001) e Carlos (2007). No que se refere a estilo nos textos, ler Discini (2004 e 2008) e sobre estilo na música popular brasileira, Carlos (2009). Concernente a dialogismo, tudo de Bakhtin.
Continuando o diálogo...
CARLOS, J. T. Investimento estilístico na construção da imagem do sujeito discursivo das canções. 2009. Projeto de Tese (Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa – área de concentração Análise do Discurso) – Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
______. Muito além de apenas um rapaz latino-americano vindo do interior: investimentos interdiscursivos das canções de Belchior. 2007. 278 p. Dissertação (Mestrado em Lingüística – área de concentração Análise do Discurso) – Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.
______. Recitanda: a metadiscursividade nas canções de Belchior. In: COSTA, N. B. da. (Org.). O charme dessa nação: música popular, discurso e sociedade brasileira. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2007a. p. 229-255.
COSTA, N. B. da. A letra e as letras: o gênero canção na mídia literária. In: DIONÍSIO, A. P. etalli (orgs.). Gêneros textuais & ensino. 1. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 107-121.
______. A pesquisa sobre a Música Popular Brasileira em uma perspectiva discursiva. In: MATTES, M. (Org.). Linguagens – as expressões do múltiplo. Fortaleza: Premius, 2006. p. 119-157.
______. A produção do discurso literomusical brasileiro. 2001. 230 p. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem – área de concentração Análise do Discurso) – Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2001.
DISCINI, N. Ethos e Estilo. In: MOTTA, A. R. & SALGADO, L. (orgs.). Ethos discursivo. São Paulo: Contexto, 2008. p. 33-54.
______. O estilo nos textos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
MAINGUENEAU, D., ______. Gênese dos discursos. Tradução de Sírio Possenti. Curitiba: Criar, 2005.
______. Novas tendências em Análise do Discurso. 3. ed. Tradução de Freda Indursky. Campinas: UNICAMP/Pontes, 1997.
______. O contexto da obra literária. Tradução de Marina Appenzeller. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
TATIT, L. Musicando a semiótica. São Paulo: Anablume, 1997.
______. O cancionista: composição de canções no Brasil. São Paulo: USP, 1996.
______. Semiótica da canção: melodia e letra. 2. ed. São Paulo: Escuta, 1999.
Para falar acerca do tema o humano e as subjetividades na contemporaneidade ou, dizendo de outra forma, para refletir sobre a relação entre a singularidade do sujeito e o mundo moderno (ou pós?), coloco essa problemática no âmbito do discurso literomusical brasileiro, produto de uma comunidade discursiva composta por músicos, compositores, letristas, intérpretes, produtores, radialistas, ouvintes e fãs, todos fazedores, divulgadores e consumidores da canção, gênero textual por execelência produzido pela/para a prática discursiva literomusical.
Em minha pesquisa de doutoramento, iniciada em 2009 na Universidade de São Paulo, tenho como principal preocupação investigar como, no campo discursivo da canção brasileira, os cancionistas (compositores, intérpretes etc.) “adquirem” ou investem (n)uma identidade enunciativa que os tornam singulares, ou seja, que os conferem um modo dizer único e particular. A esse modo de dizer singular estou chamando de estilo. É essa singularidade que nos faz afirmar que determinado compositor (Chico Buarque), músico (Renato Borghetti) ou intérprete (Elis Regina) tem estilo.
Mas o que seria o estilo?
Estilo na música popular está relacionado a que aspectos?
A características subjetivas do cancionista como sujeito empírico?
Ou a aspectos construídos por um sujeito cancional interdiscursivo?
O estilo refere-se a um modo de cantar, de se vestir, de dançar do cancionista?
Ou o estilo no discurso literomusical é dado por características do texto verbo-melódico canção, características presentes nas letras, arranjos, melodias etc.?
Haveria um estilo do sujeito empírico cancionista e um estilo do gênero canção? Esses dois são interdependentes ou isolados?
Como se constitui o estilo do cancionista? Essa constituição é “natural”, dada por características intrínsecas ao texto da canção, ou imposta? Quem faz o estilo dos cancionistas? As gravadoras, os produtores musicais, o público, os jornalistas, os críticos, ou eles próprios?
Posso dizer que existem cancionistas SEM estilo?
É equivocado dizer que samba, forró, MPB e rock são estilos, ao invés de gêneros musicais?
Com todas essas indagações, deixando entrever o dialogismo, encerro (e começo) meu texto, que se pretende um ponto inicial de ensejamento das discussões que teremos nesses 3 dias de novembro.
Para quem quiser saber mais sobre discurso literomusical brasileiro, ler Costa (2001 e 2006) e Carlos (2007 e 2007a). Sobre comunidade discursiva, campo discursivo e prática discursiva, ver Maingueneau (1997, 2001 e 2005). Com relação à canção e ao conceito cancionista¸ consultar Costa (2002) e Tatit (1996, 1997 e 1999). Acerca do investimento interdiscursivo, ler Maingueneau (2001) e Carlos (2007). No que se refere a estilo nos textos, ler Discini (2004 e 2008) e sobre estilo na música popular brasileira, Carlos (2009). Concernente a dialogismo, tudo de Bakhtin.
Continuando o diálogo...
CARLOS, J. T. Investimento estilístico na construção da imagem do sujeito discursivo das canções. 2009. Projeto de Tese (Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa – área de concentração Análise do Discurso) – Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
______. Muito além de apenas um rapaz latino-americano vindo do interior: investimentos interdiscursivos das canções de Belchior. 2007. 278 p. Dissertação (Mestrado em Lingüística – área de concentração Análise do Discurso) – Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.
______. Recitanda: a metadiscursividade nas canções de Belchior. In: COSTA, N. B. da. (Org.). O charme dessa nação: música popular, discurso e sociedade brasileira. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2007a. p. 229-255.
COSTA, N. B. da. A letra e as letras: o gênero canção na mídia literária. In: DIONÍSIO, A. P. etalli (orgs.). Gêneros textuais & ensino. 1. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 107-121.
______. A pesquisa sobre a Música Popular Brasileira em uma perspectiva discursiva. In: MATTES, M. (Org.). Linguagens – as expressões do múltiplo. Fortaleza: Premius, 2006. p. 119-157.
______. A produção do discurso literomusical brasileiro. 2001. 230 p. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem – área de concentração Análise do Discurso) – Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2001.
DISCINI, N. Ethos e Estilo. In: MOTTA, A. R. & SALGADO, L. (orgs.). Ethos discursivo. São Paulo: Contexto, 2008. p. 33-54.
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MAINGUENEAU, D., ______. Gênese dos discursos. Tradução de Sírio Possenti. Curitiba: Criar, 2005.
______. Novas tendências em Análise do Discurso. 3. ed. Tradução de Freda Indursky. Campinas: UNICAMP/Pontes, 1997.
______. O contexto da obra literária. Tradução de Marina Appenzeller. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
TATIT, L. Musicando a semiótica. São Paulo: Anablume, 1997.
______. O cancionista: composição de canções no Brasil. São Paulo: USP, 1996.
______. Semiótica da canção: melodia e letra. 2. ed. São Paulo: Escuta, 1999.
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